Etnocentrismo origina-se da palavra “ethnos” que significa grupos, nações, tribos ou pessoas que vivem juntas. E centrismo significa centro. Logo, a junção das duas palavras transmite a ideia de que um grupo ou nação é superior à outra.
A Antropologia define o etnocentrismo como a visão de alguém que seu grupo étnico está acima de todas as outras culturas. Isso se dá em diferentes vertentes da sociedade, seja cultural, religiosa, social ou em relação à supremacia da cor de pele.
Geralmente, uma pessoa ou um grupo que demonstra etnocentrismo, entende que a sua cultura é melhor do que a outra e isso dá vazão ao preconceito e pensamentos infundados referentes ao próximo.
Em muitos casos, a atitude de uma pessoa etnocêntrica assume uma posição de desconhecimento em relação a outras culturas, raças e povos, o que gera intolerância, xenofobia, atitudes preconceituosas e muitos outros males que a sociedade enfrenta hoje em dia.
Isso se revela potencialmente perigoso quando uma nação mais poderosa entra em contato com uma cultura mais frágil. Isso deu, por exemplo, quando os portugueses invadiram terras indígenas aqui no Brasil e devastaram suas moradas, catequizando seus povos como se a cultura do povo ocidental fosse superior às deles.
Etnocentrismo versus relativismo cultural
As culturas diferem em muitas partes do mundo. Embora a globalização tenha aproximado às nações de certa forma, de outra o desrespeito também tem ganhado forças nos últimos dias. Piadas por exemplo, em relação às saias usadas por escoceses (kilt), ou com o hábito indígena de vestir pouca ou nenhuma roupa, são exemplos de etnocentrismo.
Existe o chamado “relativismo cultural” que visa entender as diferenças em relação às diversidades do mundo. Enquanto o etnocentrismo visa ir contra qualquer diferença, o relativismo visa explorar essas vertentes de maneira a apaziguar a situação.
Essa ideologia visa especificar a diferença entre o certo e o errado de acordo com cada cultura, objetivando mostrar que ao bem e o mal é relativo a cada uma. Isso significa que o que é errado para um determinado grupo, pode não ser para outro.
A mistura forte que vemos hoje de raças, povos e culturas diferentes no Brasil vem desde a época da escravatura, onde muitos povos imigrantes passaram a serem inseridos em solo brasileiro, muitos deles contra a própria vontade, como era o caso dos escravos africanos.
E embora essa diversidade seja bela, infelizmente muitos povos insistem em se autoproclamarem melhores que outros, o que resulta no aumento da intolerância na nação e, com isso, inúmeros transtornos no cotidiano dos cidadãos.
Como começou o conceito do etnocentrismo
Sempre é bom lembrar que a origem do etnocentrismo é alicerçada desde o berço. Ambientes familiares preconceituosos geram cidadãos preconceituosos. Se no seio familiar, uma criança encontra intolerância religiosa ou preconceito contra culturas diferentes das suas, a tendência é que esse paradigma continue com a próxima geração.
Logo, heranças preconceituosas podem geram discriminação passadas de pai para filho, geração após geração até o rompimento desse ciclo perigoso.
Lá na época da colonização brasileira, os padres jesuítas mencionados no começo do artigo, tentaram inserir uma cultura diferente do que os povos indígenas e escravos africanos estavam acostumados.
Por catequizar esses povos, a imposição dava a impressão que os mesmos não tinham direito a voz. A cultura deles era considerada inferior dos povos do ocidente e essa ignorância gerou preconceito com os costumes indígenas e contra povos africanos, inclusive em sentido religioso. A falta de conhecimento de outros povos é uma das razões que levam ao ódio e intolerância.
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Etnocentrismo religioso
A intolerância em sentido religioso refere-se às diversas formas de encarar a Deus, pregada por muitos povos em diferentes partes do mundo. Ter sua própria religião significa uma coisa. Odiar a forma de adoração do próximo é outra totalmente diferente. É aí que entra o etnocentrismo.
Uma forma de sintetizar esse tipo de pensamento está novamente ligada ao berço. Famílias tolerantes ajudam seus filhos a serem tolerantes e respeitarem a opinião do próximo em todos os sentidos, inclusive religioso.
Etnocentrismo e alteridade
A alteridade refere-se a uma conotação mais “mente aberta” em relação às diferenças. Essa ideologia enxerga que embora somos todos iguais perante Deus, possuímos características próprias que nos distinguem dos demais.
E isso faz com que percebamos o próximo como a nós mesmos. Essa palavra, alteridade, remete a ideia de ter visão do outro. Em outras palavras, a alteridade significa que observamos as diferenças entre ambas as culturas quando olhamos para próximo.
Foi em 1906 que o sociólogo William G. Sumer criou o conceito de etnocentrismo, definindo a palavra como alguém ou um grupo que se sente superior a outro. Esse conceito já existe há muitos anos. Um exemplo disso é quando os invasores de Roma eram chamados de bárbaros pelos nativos.
Etnocentrismo e diversidade
Nós diferimos uns dos outros de diversas maneiras. Seja diferença de raça, cultura, cor da pele, religião e até mesmo a maneira de enxergar a vida. E essas diferenças fazem parte do nosso DNA e nossa formação. É normal enxergarmos essas diversidades.
Até na natureza em geral isso acontece. Você sabia, por exemplo, que existem mais de 10.000 espécies diferentes de maçã? Isso mesmo, uma única fruta tem tanta diversidade, por que o ser humano não pode?
Isso acontece com animais também. Existem diversas espécies da mesma classe de animais e nós admiramos todos eles. A natureza também reproduz diversos tipos de flores e vegetais diferentes, e cada uma deles tem o seu papel no meio ambiente.
O etnocentrismo comete o grande erro de não só banalizar essas diferenças como também desmoralizá-las. Acreditar que o outro é pior porque tem uma pele mais escura ou o olho puxado, ou veste pouca roupa ou usa penas na cabeça. Será que isso muda o que a pessoa realmente é?
A falsa ideia de raça superior gera violência e muitas situações lamentáveis, como foi o caso da Alemanha na época do Holocausto. A ideia que Hitler tinha de superioridade racial resultou em milhares de mortes de judeus, homens, mulheres, idosos e crianças.