O romantismo inicia-se no Brasil em um momento considerado histórico, a chegada da família real, em 1808, nesse período o Rio de Janeiro passava por um processo de urbanização muito grande, tornando-se um campo chamativo à divulgação das novas tendências europeias.
Após o ano de 1822, o Brasil cresce em sua independência e principalmente no sentimento de nacionalismo, de pertencimento, buscando assim o passado histórico, exalta- se a natureza pátria, características essas já tomadas pela Europa e que se igualava perfeitamente na necessidade brasileira de auto-afirmação.
O Romantismo no Brasil teve seu declínio marcado com a decadência da monarquia escravocrata, com isso em 1870, já começava a surgir os primeiros pensadores de teor realista, principalmente por parte dos estudantes da faculdade de Direito de Recife e de São Paulo, mas apenas em 1881 é que se dá o marco final do romantismo, com as primeiras publicações realistas, obras essas totalmente indiferentes ao romantismo, como: O mulato, de Aluisio de Azevedo, e Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.
CARACTERÍSTICAS DO ROMANTISMO POÉTICO
Inicialmente a escola literária romântica se opunha a tudo aquilo que era “clássico”, ou seja, a modelos da antiguidade clássica, substituídos pelos da Idade media, surgindo à valorização do folclórico e o nacional. Com a publicação de “Suspiros poéticos e saudades, de Gonçalves Magalhães, apresenta os primeiros rumos da poesia na primeira geração romântica.
O nacionalismo Romântico retratava a exaltação da natureza, ou seja, a natureza pátria vista de forma idealizada, papel esse de suma importância para os românticos brasileiros, o retorno ao passado histórico também é outra característica importante do romantismo, a exaltação dos heróis nacionais, vistos como belos, valentes, na literatura brasileira, os heróis são representados pelos índios, nada mais justo não é? Demonstrados como belos, valentes, espirituosos e virtuosos.
A natureza ela se torna uma vasta significação para os românticos, como extensão da pátria, refugio contra a vida corrida dos grandes centros urbanos do século XIX, prolongamento do próprio poeta e do seu estado emocional.
Entre outras características próprias, como o sentimentalismo, egocentrismo, fugas da realidade.
No final do romantismo no Brasil, as transformações econômicas, sociais e políticas levam a uma escrita que marca a luta abolicionista, a Guerra do Paraguai, Ideal de republica, e a forte decadência da monarquia, com esse cenário, surge à poesia social de Castro Alves.
A literatura Romântica Brasileira em âmbito formal foge dos padrões e normas estéticas, versos livres, sem métrica, estrofação, e o verso branco, sem rimas, caracterizada pela poesia romântica. Como expressou Gonçalves Magalhães, em 1836:
“Quanto à forma, isto é, a construção, por assim dizer, material das estrofes, nenhuma ordem seguimos, exprimindo as ideias, como elas se apresentam para não destruir o acento da inspiração; além de que, a igualdade de versos, a regularidade das rimas e a simetria das estrofes produz uma tal monotonia, que jamais podem agradar.”
AS GERAÇÕES ROMÂNTICAS:
Primeira geração-geração nacionalista ou indianista
O sentimentalismo e a religiosidade são as principais características das poesias românticas, exaltação da natureza, volta ao passado histórico e medievalismo, criação do herói nacional, como a figura do índio, denominada de indianista.
Principais Poetas: Gonçalves Dias (1823-1864)- Primeiro Cantos, Últimos Cantos, Brasil e Oceania, Dicionário da Língua Tupi, entre outros.
Gonçalves de Magalhães (1811-1882)- Poesias, Suspiros poéticos e saudades, Inquisição, entre outros
Manuel de Araujo Porto Alegre (1806-1879)- Brasiliana Colombo
Segunda geração- geração do mal do século ou ultra-romantismo
As principais características são o egocentrismo, negativismo boêmio, pessimismo, duvida desilusão adolescente e tédio constante, as obras em sua grande maioria resgatam a fuga da realidade constante.
Principais poetas: Álvares de Azevedo (1831-1852)- Lira dos vinte anos, O conde lopo, Noite na taverna, Macário, entre outros
Fagundes Varela (1841-1875)- Vozes da America, Cantos religiosos, Diário de Lázaro, Vozes da America, entre outros
Casimiro de Abreu (1839-1860)- As primaveras e Camões e o Jau
Junqueira Freire (1832-1855)- Inspirações do claustro, Contradições poéticas
Terceira geração-geração condoreira
Características fortes da poesia social e libertaria obras que demonstram as lutas internas da segunda metade do reinado de D. Pedro II. A terceira geração sofreu grande influencia de Vitor Hugo acompanhado de sua poesia político-social, podendo ser conhecida também como geração hugoana.
A geração condoreira representa o símbolo da liberdade constituída por jovens românticos da America Latina: o condor, águia que habita o alto da cordilheira dos Andes.
Principais Poetas: Castro Alves (1847-1871) Espumas Flutuantes, Os escravos, A cachoeira de Paulo Afonso, Hinos do Equador, Gonzaga ou a revolução de Minas
Sousândrade (Joaquim de Sousa Andrade 1833-1902)- Obras poéticas, Harpa Selvagem, Guesa errante
Tobias Barreto (1837-1889)- Dias e noites
EXEMPLO DE POESIA ROMÂNTICA:
Se eu morresse amanhã (Álvares de Azevedo)
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morre amanhã!
“Quanta gloria em que meu futuro”
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas,
Se eu morre amanhã
ROMANTISMO PROSA:
Um dos fatores mais importantes do Romantismo foi à criação de um novo olhar e consequentemente de um novo publico, ou seja, a literatura caminhava para a popularidade das suas obras, o teatro ganhava novas nuances como peças mais populares e nacionais. Com a vinda da Família real ao Brasil, como mencionado, a imprensa passa a existir no Brasil e, com ela, o aparecimento dos folhetins, folhetins esses que foram de grande ajuda para o desenvolvimento do romance romântico, o mesmo passa a atender as exigências do publico leitor, como: Descrição dos costumes urbanos, zonas rurais, personagens idealizados pela ideologia romântica, ou seja, o leitor através da leitura abarcava a realidade que lhe cabia naquele momento.
O primeiro romance brasileiro cronologicamente foi O filho do pescador, de 1843, de autoria de Teixeira e Sousa. Com o gosto do leitor cada vez mais evidente, surge o segundo romance, A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, de 1844, tirando da ordem cronológica, foi considerado verdadeiramente o primeiro romance brasileiro.
Principais autores e obras:
Bernardo Guimarães (1825-1884) O ermitão de Muquem; Lendas e Romances; O garimpeiro, O seminarista, O índio Afonso, A escrava Isaura, O pão de ouro, Jupira, entre outros
Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882) A moreninha, O moço loiro, Os dois amores, Rosa, A luneta Mágica, A namoradeira, Um noivo, Duas noivas, entre outros
Jose de Alencar (1829-1877) Cinco minutos, A viuvinha, Encarnação, Senhora, O credito, A noite de São João, Verso e reverso, Mãe, entre outros
Teixeira de Sousa (1812-1861) O filho do pescador, Tardes de um pintor
Paulo Eiró (1836-1871) Sangue limpo
Manuel de Antonio Almeida (1831-1861) Memórias de um sargento de milícias
Martins Pena (1815-1848) O juiz da paz na roça, O cinto acusador, A família e a festa da roça, A barriga do meu tio, As desgraças de uma criança
EXEMPLO DE PROSA ROMÂNTICA:
Memórias de um sargento de milícias (Manuel Antonio Almeida)
Era o tempo do rei
Uma das quatros esquinas que formam as ruas do Ouvidor e da Quitanda cortando-se mutuamente chamava-se nesse tempo- O canto dos meirinhos-; e bem lhe assentava o nome, porque era ai o lugar de encontro favorito de todos os indivíduos dessa classe ( que gozava então de não pequena consideração). Os meirinhos de hoje são mais do que a sombra caricata dos meirinhos do tempo do rei; esses eram gente temível, respeitável e respeitada (…)